terça-feira, 1 de novembro de 2016

SILÊNCIOS


Eu escrevia silêncios, noite a dentro, estrada escura.
Eu via vertigens, miragens e transbordava o peito cheio de estranhos sentimentos.
Neblina densa, impenetrável.
Olhos fantasmas acendiam no breu do caminho
e corriam em direção contrária, de passagem, acenando um triste adeus.

Eu temia todos os silêncios.
Até hoje eles me assombram.
Eu pintava ausências e esperanças tardias.
Hoje, nem vertigens, nem miragens.
A faca da realidade possui dois gumes impiedosos.

A neblina ainda é densa.

arte: Odilon Redon
texto: Dimitry Uziel
Outubro de 2016

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