quarta-feira, 4 de maio de 2011

Essência Instigada

Falo do tempo como se ele não existisse
Como se fosse uma propaganda...
Uma propaganda enganosa e caluniosa.
Falo em demasia, em triste demagogia.

Um campo vasto, um lago raso, uma praia imunda.
A cidade transpira medo e prazer
Como se a delicadeza do lar não nos fosse apropriada
E fugimos noite após noite.

É essa nossa essência tão instigada
Essa nossa ânsia, essa sede nunca saciada
Que arrebenta o peito fraco que se recusa a pulsar
Quando a alma quer pela boca pular.

“A alma é essa coisa que nos pergunta se alma existe.”
E por essa e por outras indefinições tão ininterruptas
Que o suor verte nocivamente dos punhos, da face, dos pés.

Nossa vida... Nossa vida é nos convencermos sobre nosso próprio sentido.
(Acho que é)
O rumo pouco importa
O que interessa é a chegada.
A partida, a gente nem percebe...
Quando olhamos pra trás... Já foi.

Entre as sobras do que nos resta
Sempre nos falta algo.
É como não estar completo.
Como se soubéssemos o significado do preenchimento.

Entre as sombras que nos cercam
E nos recepcionam com sorrisos felinos
Existe uma lacuna imensurável entre os dentes.
São elas que nos abarcam pela manhã.

Pode me guardar com teu pranto,
Gargalhar quando burlesca for a arte.
Pode gritar no mais alto e desafinado tom do canto
E se indagar sobre a violência da morte.

A juventude é bissexual.
Isso é indubitável.
É o som, é a fúria.

A natureza parece ser algo que só não deu certo para quem deixou morrer o ontem.
Essa é a verdade.
E a verdade é dúbia.

 Dimitry Uziel

DOPAMINE #18 | The War Is Over

esboço




terça-feira, 3 de maio de 2011

Budapeste

Na primavera reclinei meu corpo,
Lembrei de minha vida.
Poderia ter sido um sonho.
Mas preferi o sono.
Não posso dedicar meu mundo ao tempo.

Admirei a folhagem verde,
A chuva ácida, a lentidão das coisas.
A fábula materializada, tão colorida e grandiosa dentro de tão pequenos olhos.
É abril.
As estações mudaram.
Vamos para Budapeste?!
Ainda guardo as cores de Paul Klee.
Vamos! Lá estaremos mais próximos de sua essência.
Vamos olhar pela fresta do mundo um céu Húngaro.

Dimitry Uziel

Delírios

Dos campos verdes às ruas fétidas, a alma já está perdida no primeiro piscar de olhos.
Contenta-te com um sol morno, a fria sombra de calor e um brilho eterno que te guardam num plano maior.
Dos Fartos banquetes à mesa vazia da fome, do sagrado amor ao grande ódio, a fúria não se contêm.
Essa temporada ligeira no estranho presente só intensifica os medos dos maiores medos.
Porque buscar um sol eterno onde reina o desconhecido se o prazer de não estar é maior que amores distantes?

Dimitry Uziel
O que vemos é apenas aparência
Debruçados sobre uma autobiografia,
Uma janela quebrada, com vista para o ontem.