segunda-feira, 7 de novembro de 2016

PORVIR

Olhei dentro do infinito olho do mundo.
Vi estradas e espelhos enterrados sob sonhos acordados.
Vi todos os cães famélicos salivando ao pôr do sol.

Reis cairão, filhos se apegarão às mãos trêmulas e cansadas de suas mães,
com olhares assustados, que deslumbrarão o chão ruir sob seus pés.

Eu vi a boca do mundo salivando.
Vi seus dentes de tamanhos imensuráveis.
Vi sua fome eterna.
Eu vi a língua do mundo lamber a face pálida do porvir...
Senti seu largo nariz farejar nossos medos, e o medo de nossos medos.


texto: Dimitry Uziel

Nenhum comentário:

Postar um comentário