segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A HORA DO TREM PASSAR

Na cadencia das noites solenes, quase me entrego às lacunas que jamais se preenchem. Olho para a mesa onde descansam meus braços cruzados e recordo cada toque, cada detalhe, olhar, riso, até mesmo um sutil, quase que imperceptível trejeito das mãos que bailam soltas no ar.
Já na hora de me deitar, me corre pela lembrança, também, a vaga idéia de sempre estar. Mas me persegue também a indagação desgraçada: onde estar?
Quando as pernas se entrelaçam numa dança louca, num beco colorido, os braços perdem os sentidos e involuntariamente se encontram. A mente já não trabalha como deveria. É hora de o trem passar e uma doce quimera surgir.
Estrangula-me o cachecol negro de lá fina, o frio já não é tão cortante e meus braços continuam a fazer gestos involuntariamente.
A mesa ainda continua aqui, os braços, a lembrança e vinis que devo limpar...
Estou mais leve!

18 de outubro de 2010
dimitry uziel

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