sexta-feira, 16 de julho de 2010

PALCO LÚGUBRE DE RECITAL

I
E as cortinas do theatro se abriram repletas de ternura.
Enclausurei-me em poesias e conspirações.
O palco era lúgubre
E o recital tinha potência.


Uma voz, ao fundo da sala, disse:
Tivera busto farto o corpo da noite
E fora amado e acariciado como
A face da morte.


No céu, estrelas eram prostitutas.
E meu carinho e objetivo era enaltecê-las
E conduzi-las a meu hilariante vício
Até então não saciado por mais belas que elas.


Não me poupo a Ofélias, tampouco a Julietas
Pois, Mariana saldou teu homem como bela anfitriã.
Com teu cálice de vinho tinto violou etiquetas
Enquanto teu amante te acariciava a virilha com os lábios d’alma pagã.


Ah, sim! Nada ali lhe era falso!
Nem os lábios, nem o amante.
Apenas o amor. Era falsa a paixão.
Como quem desespera promiscuo a própria posição.


Era necessário ali, alguém se deixar levar pelo transtorno; a insanidade.
Sanada seja recordação a pedinte vaidade!


II
Oh, lembrança torpe,
Que me intumesce a pele; poder mal elaborado.
Que ao limitar se rompe.
Converta-te do modo que lhe for adequado.


Assim prosseguia amor e exatidão esbanjadora
Sobre o palco híbrido da nova aurora.
E os atores em exaustão
Certificavam-se de que o prazer era transferido
Àqueles, sob imensurável dimensão.


Os homens eram profanos lá.
O desespero sucumbia à razão por cá.
Já que era hostil fruto.
E não havia Deus que deixaria de gargalhar
Sobre majestosos cinismos do ser; sinônimo do querer bruto.


Copulações foram erguidas em comunhão.
A muitos, todos ali eram hereges.
Para mim, não!
Era tudo tão mágico como o ser reage.
Não linear. Ousado. Magnífica celebração.


Vai! Atravessa os limites da tragédia e do cômico.
Não te contenha! Não te limita!
A alma não chega a ser nem mesmo o principio lógico.
Bravo àquele que reluta!


III
Anjos romperam a noite embalsamada.
Era bela a noite bem amada.
Nada de amarguras. Nada de rogo.
E dentre púrpuras legiões de fogo
O trono me fora anunciado como o empate a quem joga só seu próprio jogo.


Nem a hostil sibila das cátedras abandonadas
E das fartas catedrais não mais visitadas
Amedrontaria a alquimia do jovem
Que perde a vida por tão parco amor d’ontem.


Oh, belo palco lúgubre de recital!
Onde meretrizes e reis florescem
Num mesmo terno quintal.
Admiro-te muito por incansável orgia silente.
E que o suor vertente não limite
Amores prósperos ao descomunal requinte.




30 de janeiro de 2008
dimitry uziel

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