quarta-feira, 13 de julho de 2011

Instante


Ocioso e cético como as pedras nas praias frias
Sob um tímido sol de inverno.
Quando os tempos nos são severos
E ninguém entenderá
Tranco-me num mundo que ainda é capaz de me suportar

No resto dessas verdades que todos se negam a escutar
Eu também não ouso me apegar
Mas as espreito com olhar lacrimoso
E a boca ressequida

As noites têm sido grandiosas, prolongadas
E existe aqui uma falta daquilo que nunca conheci.
Um abismo aveludado, macio
Que traz a ilusão de bem estar.

Não hei de partir hoje
A saliva que escorre dos lábios sedentos me fará rastejar.
E, se por ventura, algum destino me quiser acolher
Que seja para não me abandonar.

Pois sei que no escuro
Há de raiar um lúbrico beijo da solidão.
E desse agridoce conheço cada toque
Como o meu próprio corpo.

O descanso desse peito
Que parece se negar a pulsar no próximo instante
É o reflexo dos meus fantasmas que me suportam
Tão entediados quanto eu...
A espera do salto livre.


Dimitry Uziel

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